terça-feira, 12 de setembro de 2017

Bonsai: A arte do cultivo de árvores anãs




A palavra Bonsai (em japonês bon-sai) quer dizer ``árvore em bandeja`` ou ``árvore num vaso``.
Uma arvorezinha Bonsai necessita ter outras características além da básica, que é estar plantada em um vaso baixo e pequeno. Ela tem que ser uma cópia perfeita só que em miniatura de uma árvore que está na natureza. É obrigada a reproduzir o modelo do crescimento de uma árvore real e as consequências produzidas pela gravidade nos galhos dessa árvore, além disso para ficar mais fiel deve reproduzir as marcas causadas pela ação do tempo e a organização total dos galhos. Basicamente o bonsai é uma obra de arte feita pelo homem por intermédio de trabalhos qualificados. 
O Bonsai não é um tipo de espécie vegetal exclusiva, mas sim o fruto de uma forma usada em árvores com o propósito de miniaturizá-las guiando-se em formas que acham-se na natureza. Não existe na natureza a árvore de Bonsai, mas sim árvores se são modificadas por meio do método de Bonsai. Na realidade é uma arte que seleciona e transforma árvores que possuem capacidade para se aproximarem a uma réplica existente na natureza.
Por meio da atenção é notado que as árvores dispõem de orientações de hábitos e jeitos particulares. Além disso acha-se uma classificação de tipos de bonsai e formas conhecidas apoiado no tipo natural das árvores. As categorias fundamentais são baseadas em especial nas formas e na soma do número de árvores na formação.



Apesar de a palavra ´bon-sai` ser de origem japonesa, a arte que ela reproduz surgiu primeiro no império chinês. Cerca do ano 700 a.C. os chineses iniciaram uma arte denominada ´pun-sai`, utilizando métodos singulares para cultivar árvore anãs em bandejas. Originalmente, somente a aristocracia da sociedade chinesa fazia o pun-sai usando exemplares nativos que eram colhidas na região, e, dessa forma as árvores foram dispersadas por toda a China como mimos de requinte. Foi no decorrer do Período Kamakura, época na qual o Japão abraçou a maioria das marcas registradas culturais da China, que o cultivo de árvores em bandejas foi incorporado na terra do sol nascente. Os japoneses aprimoraram o Bonsai através de certas normas por causa da influência da religião zen-budista e também pelo fato do Japão ter somente 4% do tamanho da China continental. A diversidade de tipos de paisagens era, por conseguinte, demasiadamente mais restrita. Vários métodos, estilos e instrumentos amplamente notórios atualmente foram aperfeiçoados no Japão com base em originais chineses. Conquanto famoso de maneira reduzida fora do continente asiático por três séculos, só há pouco tempo o Bonsai vem sendo efetivamente divulgado fora de seus países de nacionalidade.


Na parte ocidental do mundo, o cultivo do Bonsai como lazer foi crescendo muito nos últimos 200 anos e nos dias de hoje estas arvorezinhas estão distribuídas em todo o planeta. O aumento do fascínio de pessoas pela arte do bonsai é dividido com o aumento da dedicação dada às artes do oriente nos últimos anos.
A despeito de assemelhar a um lazer muito incomum, a cultura destas árvores em miniatura não é mais difícil do que a jardinagem usual empregada a plantas em vasos. A dessemelhança vital se encontra no zelo que se deve ter para conseguir reproduzir os atributos de uma árvore de tamanho muito maior, e é aí que está a complexidade da arte do Bonsai. Muito além de meticulosa poda e adubação, é necessário ter bastante paciência e certa aptidão artística. Em numerosas lendas, o bonsai é símbolo de boa sorte e bastante dinheiro, mas isso é abandonado quando se aprende a autêntica importância e a definição do Bonsai.
Várias são as técnicas utilizadas para controlar o crescimento da árvore como:
- Limitação do crescimento das raízes através do vaso usado: Uma árvore não tem essa limitação na natureza, à vista disso cresce livre.
- Aplicação de adubos com uma quantidade mais baixa de nitrogênio: muito nitrogênio causa um crescimento veloz e folhas com dimensão maior do que o esperado.
- Irrigação em quantidades pequenas: compreenda-se como pequena a irrigação executada com método, e não com racionamento. Não se pode molhar o bonsai diariamente, caso contrário ele seca de um dia para o outro, por essa razão o clima, o vento, a posição da árvore sempre irão afetar justamente a periodicidade da irrigação. Conforme as exigências, é preciso usar o senso, irrigar só quando a terra estiver seca, e não quando ela estiver molhada.
As árvores não passam por um processo de modificação genética. Quase toda espécie pode ser usada, sendo que as mais conhecidas, as do gênero Pinus (pinheiros), Acer (bordo), Ulmus (olmos), Juniperus (junípero/zimbro), Ficus (figueira), Rhododendron (rododendro ou azaléa), entre outros.
É possível achar bonsais de diversas estaturas, porém a maior parte fica entre 5 cm e 80 cm. Os bonsais que medem no máximo cerca de 25 cm são denominados shohin. Habitua-se denominar os bonsais com tamanhos menores que 7 cm de nano.
Pode-se achar, na natureza, árvores que crescem de formas muito diferentes. Essas mesmas formas são reproduzidas por meio de ``prática`` (amarração e poda). Abaixo estão 24 estilos clássicos:

- Chokan: Estilo ereto formal. Árvore com tronco reto, que vai diminuindo de espessura gradualmente, da base ao ápice. Os ramos devem ser simétricos e bem balanceados;
- Moyogi: Estilo ereto informal. Tronco sinuoso, inclinando-se em mais de uma direção à medida que progride para o ápice, embora mantendo uma posição geral mai ou menos reta. A árvore deve dar a impressão de um movimento gracioso;
- Shakan: Estilo inclinado. Tronco reto ou ligeiramente sinuoso, inclinando-se predominantemente em uma direção;
- Kengai: Estilo cascata. A árvore se dirige para fora da lateral do vaso e então se movimenta para baixo, na direção da base do vaso, ultrapassando a borda do mesmo. Os vasos nesse estilo são estreitos e profundo;
- Han-Kengai: Estilo semi-cascata. Semelhante ao anterior, com a árvore caindo a um nível abaixo da borda do vaso, mas não chega a altura da base do vaso;
- Fukinagashii: Varrido pelo vento. Árvore com ramo e tronco inclinados com que moldados pela força do vento;
- Hokidashi: Bonsai estilo vassoura;
- Bunjingi: Bonsai estilo literati;
- Takosukuri: Bonsai estilo tentáculos;
- Nejikan: Bonsai estilo dragão;
- Bankan: Bonsai estilo espiral;
- Sharimiki: Bonsai estilo madeira morta;
- Sabamiki: Bonsai estilo madeira morta;
- Sekijoju: Bonsai estilo raiz sobre pedra;
- Ishisuki: Bonsai estilo árvore sobre rocha;
- Neagari: Bonsai estilo raízes expostas;
- Soju: Bonsai estilo mãe e filho;
- Sokan: Bonsai estilo tronco duplo;
- Tosho: Bonsai estilo tronco triplo;
- Kabudashi: Bonsai estilo troncos interligados;
- Netsunagari: Bonsai estilo jangada sinuosa;
- Ikadabuki: Bonsai estilo jangada reta;
- Yose Ue: Bonsai estilo floresta;
- Penjing: Bonsai estilo paisagem em miniatura.

Fonte: Wikepédia

Existem três método para se cultivar o Bonsai que são:

- Misho: Cultiva-se a partir das sementes. Fundamenta-se na escolha da espécie que se quer obter um bonsai, adquirir algumas sementes desta planta (caso a espécie que for escolhia não tiver sementes, o misho não é usado nesta situação), depois plantá-las e esperar a germinação da planta - dependendo da espécie, o processo de crescimento dura, de 1 a 3 meses.

- Yamadori: A palavra Yamadori quer dizer mudas tiradas na natureza, mas pode-se obter as mudas comprando-as num horto. Esta técnica pode der utilizada como uma continuação do misho, contudo, com a economia de alguns meses ( a idade da muda terá influência nesta circunstância). A muda deve exibir um caule pequeno porque certas espécies tem a tendência de apresentar um crescimento vertical excessivo do caule, ficando assim inapropriadas para virarem um bonsai - por causa disso precisam se moldadas já muito cedo.
Uma observação importante é que na situação da colheita da muda na natureza, precisa-se ter muita cautela para não estragar as raízes no momento de puxá-las.

- Alporquia: É a técnica de reprodução assexuada de plantas, causando o surgimento de raízes adventícias (são raízes secundárias que aparecem nos caules ou nos ramos ou nas folhas) em um ramo de uma planta com raízes já profundas.

Substrato: Ele deve realizar vários papéis no vaso do bonsai. Permitir a sustentação necessária às raízes, propiciar a permanência da água e dos nutrientes, viabilizar aeração e drenagem apropriadas e, necessitando da finalidade, apressar ou atrasar o desenvolvimento das folhas.

Poda: No bonsai a pode possui uma aplicação que vai além da atribuição da beleza. Possibilita a substituição de ramos, dando um rejuvenescimento para a planta. São tirados os ramos com problemas, que estão numa posição ruim ou que estejam mortos, tiram-se áreas foliares pouco salubres. Pode-se também com a poda obter uma estabilidade entre a massa foliar e a área reticular, um exemplo é durante uma transplantação. A poda é muito importante para os bonsai, organiza-se
uma armação básica, muitos problemas são reprimidos, harmonizam-se ou reorientam-se as ações de crescimento.

Abaixo dois vídeos sobre bonsai: 


Como criar uma árvore bonsai





Impressão do famoso berçário Shunkaen Bonsai no centro de Tóquio, cheio de árvores de Bonsai uma obra-prima.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Kabuki: o belo e tradicional teatro japonês










O kabuki é um dos quatro estilos de teatro japonês, os outros são o noh, o kyogen e o bunraku ( o teatro de fantoches).
Durante mais de 250 anos de paz do perído Edo (1600-1868 d.C.) o teatro kabuki cresceu bastante. As vestimentas luxuosas e os cenários do Kabuki retratam a predileção pela cultura comercial que se fortaleceu nessa época da história japonesa, os personagens das peças são compostos tanto de heróis grandiosos, quanto de pessoas comuns que buscam harmonizar suas próprias aspirações e com seus afazeres dentro da sociedade.
Para o povo japonês, o kabuki é uma arte feita para o prazer das pessoas comuns, atendendo os desejos atuais, preferências e ambições de um tempo. Em todos os sentidos, ele é refinado e comum, engraçado e dramático, apresentando o assunto principal da peça por intermédio de um compasso estruturado em ka (dançar), bu (dançar) e ki (representar). O teatro kabuki não pode ser considerado como uma arte extremamente rigorosa, erudita ou abstrata, mas sim como uma encenação concebida para divertir o público que não deixa de possuir suas origens artísticas.
Em contraposição com outras formas antigas de teatro, na atualidade, o kabuki é ainda muito popular, sendo interpretado com frequência para públicos animados nos teatros japoneses como o Kabuzika em Tóquio, o Minamiza em Kyoto e o Shochikuza em Ozaka.


Teatro Kabukiza no bairro Ginza em Tóquio



No primórdios de sua história o kabuki era encenado principalmente por mulheres. Crê-se que o kabuki tenha se originado das danças e atuações de teatros simples que foram apresentadas pela vez na cidade de Kyoto, no ano de 1603, por uma artista chamada Okuni que era auxiliar do templo de Izumo. O vocábulo kabuki tinha sentidos desagradáveis, não rigorosos e nada sofisticados, e assim começou a ser executado às exibições do popular grupo de teatro de Okuni e seus plagiadores. Os grupos onna kabuki (grupos teatrais de mulheres) tinham um negócio simultâneo que era a prostituição, o shogunato Tokugawa os reprovava e assim em 1629 tomou a decisão de os expulsar e proibir que mulheres aparecessem no palco. Dessa forma, o kabuki wakashu (grupo formado por jovens homens) caiu no gosto do povo, mas no ano de 1652 foi expulso também por causa do resultado contrário na honra pública dos trabalhos de prostituição dos intérpretes juvenis.
Visto que tanto as mulheres quanto os meninos adolescentes foram expulsos, o kabuki converteu-se num teatro de homens adultos e, embora fosse autorizado que o kabuki yaro (formado de homens) continuasse atuando, o governo exigiu que os atores evadissem cenas libidinosas e empenhassem obedecer os padrões mais efetivos do teatro kyogen.
Durante o século seguinte ao decreto legal de existir somente homens houve uma grande transformação do kabuki. Os personagens de onnagata (encarnação feminina) se tornaram maravilhosamente aprimorados e assim o ator Ichikawa Danjuro I (1660-1704) começou o vigoroso e masculino estilo aragoto (negócio rude) de representar em Edo (atual Tóquio), no mesmo momento em que o ator Sakata Tojuro I (1647-1709) melhorou o rebuscado e realista estilo wagoto (negócio suave) nas cidade de Kyoto e Ozaka.
O palco do kabuki pouco a pouco avançou de um palco noh, e uma cortina de deslizar foi acrescentada, tornando mais fáceis a apresentação de peças mais complexas, com muitos atores.
O corredor hanamichi entre o público começou a ser bastante utilizada e dotou um palco para as entradas e saídas singulares que atualmente são muito corriqueiras no teatro kabuki. Em 1758 foi usado pela primeira vez o palco rotativo.
Na época da cultura comercial do século XVIII, o kabuki se ampliou em um elo ao mesmo tempo de rivalidade e de colaboração com o teatro de fantoches bunraku. Chikamatsu Monzaemon (1653-1724) que é considerado um dos grandes dramaturgos do Japão, mesmo tendo se dedicado a escrever peças para os teatros de fantoches depois de 1703 chegou a escrever diversas peças propriamente para o kabuki. Foi aproximadamente nessa época, que o kabuki por um período curto de tempo perdeu sua popularidade para o bunraku nas cidades de Kyoto e Ozaka. Procurando concorrer, numerosas peças de fantoches passaram por adequações para o kabuki, e inclusive os atores começas a reproduzir os movimentos marcantes dos fantoches.
 Em 1868 houve a destituição do shogunato Tokugawa que causou a anulação da classe samurai e também de toda organização social que foi o alicerce para a cultura comercial, de que o kabuki fazia parte. Chegou-se a tentativas inúteis de incorporar conceitos e roupas ocidentais no kabuki, não obstante grandes atores como Ichikawa Danjuro IX (1838-1903) e Onoe Kigurogo V (1844-1903) reivindicaram pela volta ao conjunto antigo do kabuki. Foi no século XX, que os escritores japoneses como por exemplo Okamoto Kido (1925-1970) e Mishima Yukio (1925-1939), que não se encontravam ligados exatamente com a área do kabuki, escreveram peças teatrais que faziam parte do grupo shin kabuki (novo kabuki). As peças shin kabuki agregavam as formas clássicas com as novidades do teatro moderno e algumas delas foram englobada ao repertório tradicional do kabuki.
Graças a fidelidade às seus fundamentos tradicionais, tanto na interpretação das peças teatrais quanto na rigorosa escala das famílias participantes que determinavam o campo do kabuki, que atualmente ele é uma parte poderosa e integrante da indústria japonesa do lazer.
Há três tipos de peças importantes no kabuki: jidai-mono (peças ``históricas`` ou antecedentes ao período Sengoku), sewa-mono (``domésticas`` ou depois do período Sengoku) e shosagoto (peças de dança). O mie e a maquilhagem são atributos significativos do teatro kabuki.
Os mie são as poses exóticas que o ator mantém para representar seu personagem. O significado da palavra japonesa mie é ``expressão`` ou ``visivo``. É a hora na qual o ator pára congelado na pose. O objetivo do mie é expor o clímax das sensações do personagem. O ator abre os olhos o máximo que puder; se o personagem precisar parecer inquieto ou irritado o ator chega a ficar vesgo. A maquilhagem (em japonês Kenshô) é um componente desse estilo teatral muito fácil de se reconhecer, até por pessoas que não estão acostumadas com esta forma de manifestação artística. O pó-de-arroz é utilizado para fazer a base branca chamada oshiroi. O kumadori é usado para realçar ou exceder as linhas da face para elaborar as máscaras dramáticas utilizadas pelos atores, de expressões demoníacas ou animalescas.
Vários truques cenográficos como o ágil surgimento e sumiço dos atores em cena são constantemente usados. O vocábulo Keren, várias vezes traduzido como ``jogo para a galeria`` , é muitas vezes aplicado como vocábulo geral para esses mesmos truques. O hanamachi e várias novidades, abrangendo o palco rotativo, seri (``armadilhas`` de palco são elementos que elevam ou escondem os atores no palco) e o chunori (``cavalgando no ar`` que é o uso de cordas para faze o ator ``voar`` sobre o público) têm ajudado para o espetáculo do kabuki. O hanamachi proporciona fundo ao palco, ao mesmo tempo que os seri e chunori proporcionam um tamanho vertical à cena da peça.


Ator de kabuki no momento do mie (pose).




Exemplos de kumadori.




Abaixo um vídeo sobre kabuki:






















segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Ohaguro: A antiga e curiosa prática das mulheres nipônicas de pintar os dentes de preto


O Japão é famoso pelos outros povos do mundo como um país de costumes estranhos. Um desses costumes se chama Ohaguro que pode-se traduzir como dentes pretos. É uma técnica milenar que está ligada a história japonesa. 
A prática era usada por mulheres onde elas pintavam os dentes de preto e por incrível que pareça essa cor era associada à beleza. Para o preparo da mistura não existia uma receita própria, mas utilizava-se no preparo tinta, acetato de ferro, chá e outros tipos de ingredientes. Mesmo assim, a cor não durava muito, por isso era necessário passar a mistura nos dentes praticamente todos os dias para conservá-los sempre coloridos.
Não se sabe com certeza quando teve início a prática do ohaguro. Contudo, admite-se que ela surgiu durante o Perído Nara da história do Japão (710 a 794 d.C.), em virtude da Imperatriz Genmei na ocasião em que apareceu ao povo com os dentes pretos. E sendo ela o maior sinal da alta nobreza nipônica, as mulheres que faziam parte das classes mais altas passaram a usar essa prática em seus dentes.  
 Com o passar dos anos, esse método foi se espalhando para uma porção maior da nação, sendo que até os homens também começaram a pintar os dentes. Além da finalidade estética, a prática do ohaguro servia também para precaver os dentes de problemas dentários como a cárie por exemplo.
Foi durante o Período Heian ( 794 a 1185 d.C.) que esta prática tornou-se comum para as mulheres aristocratas japonesas. O ohaguro apareceu nessa época no romance japonês Genji Monogatari de autoria atribuída a dama Murasaki Shikibu.
No Período Muromachi (1336 a 1573 d.C.), a prática do ohaguro se dispersou para parte do povo, inclusive para as filhas dos militares para a celebração do Shichi go san, uma festa para comemorar os 7 anos de idade, no qual as meninas eram maquiadas e vestiam roupas adultas.



Gravura japonesa mostrando mulher praticante do ohaguro com seus dentes pretos.

Já no Período Edo (1603 a 1868 d.C.) o ohaguro difundiu-se entre o povo. Era utilizado principalmente por mulheres casadas e por jovens na idade de se casar. Nesse tempo, o ohaguro começou a aparecer em ilustrações de ukiyo-e, arte de estampa japonesa em xilogravura. A técnica de colorir os dentes de preto durou por volta de 200 anos.
Durante o Período Meiji (1868 a 1912 d.C.), precisamente em 5 de fevereiro de 1870, o governo japonês vetou que se praticasse o ohaguro. Depois do Período Meiji, ele voltou a se dispersar, porém ao longo do Período Tasho (1912 a 1926 d.C.), o hábito ficou ultrapassado, até ter quase desaparecido.
O modo mais fácil de obter um preparo de tinta verdadeiramente escuro era liquefazer ferro em vinagre. O resultado desse processo era um solução marrom de acetato de ferro que se chamava kanemizu. Ao misturar essa solução com noz de galha ou pó de chá, ela alterava de cor e passava a ser insolúvel em água. O produto final ganhou o nome de fushiko.



Outras fórmulas dessas tintas podiam conter ácido sulfúrico, concha de ostra, arroz fermentado, metal enferrujado e vinho de arroz - o que casualmente acabava em uma tinta com um cheiro horrível ao olfato. 
Hoje em dia, os únicos locais onde é possível ver o ohaguro são nas peças do teatro kabuki, em espetáculos de gueixas ou hanamachi, no decorrer do treinamento das maikos (as aprendizes de gueixa), em alguns  matsuris (festivais japoneses), nos filmes ou nas Taiga Doramas (novelas de época) ou eventualmente em programas humorísticos da TV no qual o hábito é ironizado pelos atores cômicos. A tinta usada pelos atores japoneses para tingir os dentes é composta de cera derretida com carvão.



Segue abaixo um vídeo sobre a prática do ohaguro:











sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Kendo: A Esgrima Japonesa



O kendo é uma arte marcial de origem japonesa que tem por fundamento o Kenjutsu (a arte samurai da espada) e quer dizer ``caminho da espada``. O denominam também de a ``natureza (Riho) da espada``. Esse método foi assimilado pelos Samurais (os assim chamados guerreiros japoneses) através da grande bagagem deles em muitas guerras manipulando a espada, não obstante o kendo não se limita meramente ao manuseio da Shinai (espada de bambu), Bokuto (espada de madeira) ou katana (espada longa japonesa).
Focaliza em particular o aperfeiçoamento do Reigi (etiqueta), da disciplina e do espírito, além do conhecimento a respeito da natureza da espada. Para ter essa compreensão, é preciso primeiro estudar o espírito do samurai que está firmado na natureza da espada. E assim para compreender esse espírito, deve-se compreender a empregar a espada em treinamentos rigorosos.
Esse é o motivo pelo qual a finalidade do kendo é comumente citado como ``o caminho para desenvolver o indivíduo``.
O ken (espada, técnica) possui duas forma de ser estudado: a primeira é o kendo com shinai (espada de bambu) e a segunda é o kendo com kata, em que é utilizado o bokuto (espada de madeira dura) ou a katana (espada verdadeira, com lâmina).
Diferentemente de outras modalidades esportivas, tanto o kendô, o judô e o aikidô, não têm como doutrina a obtenção do triunfo. Essas categorias de esportes objetivam o aprimoramento, não apenas esportivo, mas sobretudo, o aprimoramento como ser humano. Por causa disso eles são um caminho, um meio e não um fim.
O kendo é um tipo de esgrima. Os lutadores desta arte marcial utilizam uma espada feita de bambu, denominada shinai e eles tem como forma de proteção uma armadura pesada com aparatos de proteção como o bogu. Utilizando esses aparatos pode-se fazer os combates sem o perigo de ferimentos provocados pela pancada dos golpes. Os adversários tentam desviar-se dos golpes desferidos pelo oponente e tentam atingir com o bastão de bambu três alvos no corpo humano que são: a cabeça, o braço e a lateral do tórax.


O propósito original do kendo foi tornar mais simples o vasto grupo de técnicas e posições que existem no kenjutsu em apenas quatro golpes básicos a começar de uma única posição de combate. Desse modo foi possível propagar o kendo como um exercício físico no qual é possível juntar a disputa e o progresso do caráter.
É complicado dizer precisamente quando e como o kendo apareceu, visto que esta arte não foi inventada ou evoluída somente por uma pessoa ou um grupo de pessoas. O kendo foi evoluindo através de muitos séculos oriundo de técnicas utilizadas em lutas verdadeiras com espadas. A arte do kendo enfrentou até mesmo a nascente modernização do Japão no decorrer da Restauração Meiji, que acabou por deixar a cultura japonesa antiga em segundo plano, extinguindo até mesmo a classe social dos samurais.
No ano de 1952 o kendo ganha nova força, porque é fundada a Liga Nacional de Kendo, que autoriza que ele se adapte aos tempos modernos e se transforme no sustentáculo para a criação da técnica atual. Em 1957 é implantada a Federação Nacional de Kendo, quando este gênero de esporte é permanentemente salvo no Japão, após a infelicidade que abalou o país no fim da Segunda Guerra Mundial.
Com o estabelecimento da Federação Internacional de Kendo em 1970, o kendo passou a ser popular fora da terra do sol nascente. Países como Canadá, Brasil, Inglaterra, França, Alemanha, Coréia, Estados Unidos e vários outros iniciaram a prática da arte do kendo, e assim surgiram muitas federações em decorrência do crescente número de pessoas entusiasmadas em aprender.
No Brasil o kendo surge com a vinda dos primeiros imigrantes japoneses, desde 1908.
Inicialmente, exclusivamente os recém-chegados a terra brasileira e seus parentes expandiam esta arte no interior do estado de São Paulo. Em 1933, foi estabelecida a primeira associação de kendo e judô do Brasil, a Hakoku Ju-Ken Do Ren-Mei.
Com o efeito da Segunda Guerra Mundial, apenas a partir de 1959, com a fundação da Associação Brasileira de Kendo, é que este sistema passou mais uma vez a ser treinado. Em São Paulo os primeiros treinamentos foram realizados no núcleo central da capital, nos anos 60 eles passaram a ser feitos na Associação Cultural e Esportiva Piratininga (ACEP), até os dias atuais a central sede dos torneios oficiais e outros eventos relativos ao kendo.
Hoje em dia o destaque dessa arte no Brasil é o Sensei Jorge Kishikawa, 7º Dan Kyoshi de Kendo pelo Japão, a categoria mais alta presente no Brasil. Ele foi o primeiro mestre a atingir esta categoria no país por meio de um teste realizado por uma banca examinadora constituída somente por mestres japoneses.
Jorge foi duas veze pentacampeão brasileiro de kendo, além de ganhar relevantes honrarias mundiais para o kendo brasileiro, sua primeira medalha foi conquistada em competições individuais em Tóquio no ano de 1977, tirou 2º lugar no mundial de Paris em 1985 e ficou em 3º lugar por equipes no campeonato mundial de Seul em 1988, dentre vários outros títulos.




Segue abaixo um vídeo de uma luta de kendo:




quinta-feira, 10 de agosto de 2017

TAIKO - O FAMOSO TAMBOR JAPONÊS


 



  O Taiko é um instrumento musical de percussão, da qual sua superfície é feita com couro animal. Ele pode ser tocado de duas formas. Com a mão ou com a utilização de uma baqueta, mas sempre exigindo do músico uma excelente aptidão rítmica e grande preparamento físico do para manter batidas uniformes e atingir uma boa sonoridade.
Arqueólogos já acharam bonecos ´´haniwa´´ do século V confeccionados em terracota que portavam na barriga um tambor. Pintura datadas do século XII já representavam o chodaikô, do modelo gongo e o tandôdaiko, que apresenta seu corpo mais achatado. Todos os documentos revelam que o taiko está presente na história musical nipônica há aproximadamente 1.500 anos. O taiko é usado normalmente em festejos xintoístas, mas eventos budistas do mesmo modo utilizam o taiko.
O Chodôdaiko é o modelo de taiko mais usado em espetáculos no Brasil. Esses taikos são fabricados com tronco de madeira escavada. Normalmente seu diâmetro pode medir de 45 a 60cm, mas podem alcançar a 1,50m. Por causa da carência gradativa de madeiras nobres, os preços de um taiko ficaram exorbitantes. Para se ter uma ideia, o preço de um grande Chodôdaiko pode valer tal qual um Rolls Royce, e mesmo se for um taiko pequeno pode custar a quantia de um carro popular.

  


  Nos tempos atuais os corpos do taiko são fabricados com uma resina de uretano, cujo custo é bem menor. O maior dos taikos é o Okedaiko, que usa couro bovina, possui o formato de tonel e é firmado com barbante. Ele pode dispor de mais de 3m de diâmetro e pesar mais de 1 tonelada.
O Okedaiko pode ser tocado por até dez pessoas, manipulando-se de baquetas.





   A UTILIZAÇÃO DO TAIKO EM BATALHAS


  Na época do Japão feudal, os taikos eram constantemente usados com o objetivo de motivar os exércitos, para assim marcar o passo durante a marcha e também transmitir comandos e avisos militares. No momento da aproximação ou entrada no campo de batalha o taiko yaku (tocados de tambor) tinha a função de definir o passo da marcha, habitualmente com seis passos por percussão do tambor (batida-2-3-4-5-6, batida-2-3-4-5-6).


  Pintura da batalha de Sekigahara ocorrida em 15 de setembro de 1600.
  




Segundo um dos relatos históricos (o Gunji Yoshu)  nove agrupamentos de cinco batidas  ajudavam a mover um batalhão ao combate, ao mesmo tempo que nove agrupamentos de três batidas rápidas três ou quatro vezes e seguidas de brados que diziam: ´´Ei! Ei! O! Ei! Ei! O!´´ que significava o sinal para as tropas atacar e acossar o exército rival.
 Na língua japonesa a palavra taiko quer dizer tambor. Ele é um instrumento musical que profere sentimentos de júbilo, fúria, melancolia, deleite, oferecendo assim a impressão de transporta as nossas mentes até os ancestrais.
O taiko tem sua origem no período Jomon e Yayoi a há dois mil anos e serviam de instrumento de comunicação entre as pessoas que se localizavam em lugares opostos. Ele também era usado em solenidades religiosas e públicas, um precioso mecanismo de comunicação com alma dos ancestrais e com as divindades.
 A utilização bélica do taiko nas batalhas, o ´´judaikô´´ tinha o objetivo de entusiasmar os soldados, erguendo a moral deles, marcando o compasso das marchas. Isso era muito importante par arruinar a coragem dos soldados inimigos dando a eles a impressão de que seus agressores eram em grande número devido ao barulho que faziam a noite inteira não permitindo nenhum deles poder dormir por vários dias.
Até hoje ainda encontram-se lugarejos no Japão em que as horas são apresentadas pelo taiko, preservando assim a tradição milenar em vez de de apresentar as horas com o uso de sirene ou sino.
 O taiko é uma cultura que tem a finalidade de conservar a tradição, seus princípios artísticos e filosóficos.
A cultura do taiko é chamada também de alma do taiko cujo propósito consiste-se na afirmação de nosso vigor e de nosso brado com os colegas produzindo -se reciprocamente para uma melhor convivência em sociedade.
  Desta maneira, os praticantes de taiko tem sua atitude educacional, grupal e ética como elementos essenciais para ser amigo e ajudar os companheiros com mutualidade. 
  O taiko vem passando por muitas transformações depois do término da Segunda Guerra Mundial, exatamente em 1951, por intervenção do professor Daihati Oguti que iniciou o traço grupal ao taiko concedendo um sistema diversificado, viabilizando a sua execução em concertos, modernizando a área da música.
O som da taiko produz uma agitação que espalha o sentimento de entusiasmo aos seus praticantes e ao público, fazendo com que as pessoas sintam-se bem, sendo animadas.
    
Os especialistas do taiko tem por obrigação ter como regra a máxima:
   - desenvolver um corpo vigoroso, sadio, a coragem, a determinação e o espírito inabalável;

   - implantar o sentimento que preza o respeito ao próximo e a filosofia de humildade e eficácia;
   - adquirir o respeito aos mais velhos, cooperação mútua, amizade, responsabilidade, união e cultivar o caráter e a dignidade;
   - aprender a arte milenar japonesa do taiko e herdar o valor deste folclore, cultivá-lo, preservá-lo e propagá-lo.
   Os praticantes do taiko precisam sempre se entregar de corpo e alma ao tocarem o instrumento, não só bater nele simplesmente para gerar barulho, qualquer pessoa pode fazer isso, não é necessário estudar e nem sequer ser disciplinado, mas terá de atingir a alma da plateia que capta a música. Taiko é uma forma de manifestação artística, treina-se música e preparação física, propiciando a satisfação, a calma e a felicidade com atenção.
  

  Seguem abaixo três vídeos de apresentações de taiko:


  
  Apresentação do grupo Kodo.




  

   
Okinawa Festival 2016 Requios Gueinou Doutokai, Ryukyu Koku Matsuri Daiko - Clube Manchester - Vila Carrão - São Paulo.