sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Kabuki: o belo e tradicional teatro japonês










O kabuki é um dos quatro estilos de teatro japonês, os outros são o noh, o kyogen e o bunraku ( o teatro de fantoches).
Durante mais de 250 anos de paz do perído Edo (1600-1868 d.C.) o teatro kabuki cresceu bastante. As vestimentas luxuosas e os cenários do Kabuki retratam a predileção pela cultura comercial que se fortaleceu nessa época da história japonesa, os personagens das peças são compostos tanto de heróis grandiosos, quanto de pessoas comuns que buscam harmonizar suas próprias aspirações e com seus afazeres dentro da sociedade.
Para o povo japonês, o kabuki é uma arte feita para o prazer das pessoas comuns, atendendo os desejos atuais, preferências e ambições de um tempo. Em todos os sentidos, ele é refinado e comum, engraçado e dramático, apresentando o assunto principal da peça por intermédio de um compasso estruturado em ka (dançar), bu (dançar) e ki (representar). O teatro kabuki não pode ser considerado como uma arte extremamente rigorosa, erudita ou abstrata, mas sim como uma encenação concebida para divertir o público que não deixa de possuir suas origens artísticas.
Em contraposição com outras formas antigas de teatro, na atualidade, o kabuki é ainda muito popular, sendo interpretado com frequência para públicos animados nos teatros japoneses como o Kabuzika em Tóquio, o Minamiza em Kyoto e o Shochikuza em Ozaka.


Teatro Kabukiza no bairro Ginza em Tóquio



No primórdios de sua história o kabuki era encenado principalmente por mulheres. Crê-se que o kabuki tenha se originado das danças e atuações de teatros simples que foram apresentadas pela vez na cidade de Kyoto, no ano de 1603, por uma artista chamada Okuni que era auxiliar do templo de Izumo. O vocábulo kabuki tinha sentidos desagradáveis, não rigorosos e nada sofisticados, e assim começou a ser executado às exibições do popular grupo de teatro de Okuni e seus plagiadores. Os grupos onna kabuki (grupos teatrais de mulheres) tinham um negócio simultâneo que era a prostituição, o shogunato Tokugawa os reprovava e assim em 1629 tomou a decisão de os expulsar e proibir que mulheres aparecessem no palco. Dessa forma, o kabuki wakashu (grupo formado por jovens homens) caiu no gosto do povo, mas no ano de 1652 foi expulso também por causa do resultado contrário na honra pública dos trabalhos de prostituição dos intérpretes juvenis.
Visto que tanto as mulheres quanto os meninos adolescentes foram expulsos, o kabuki converteu-se num teatro de homens adultos e, embora fosse autorizado que o kabuki yaro (formado de homens) continuasse atuando, o governo exigiu que os atores evadissem cenas libidinosas e empenhassem obedecer os padrões mais efetivos do teatro kyogen.
Durante o século seguinte ao decreto legal de existir somente homens houve uma grande transformação do kabuki. Os personagens de onnagata (encarnação feminina) se tornaram maravilhosamente aprimorados e assim o ator Ichikawa Danjuro I (1660-1704) começou o vigoroso e masculino estilo aragoto (negócio rude) de representar em Edo (atual Tóquio), no mesmo momento em que o ator Sakata Tojuro I (1647-1709) melhorou o rebuscado e realista estilo wagoto (negócio suave) nas cidade de Kyoto e Ozaka.
O palco do kabuki pouco a pouco avançou de um palco noh, e uma cortina de deslizar foi acrescentada, tornando mais fáceis a apresentação de peças mais complexas, com muitos atores.
O corredor hanamichi entre o público começou a ser bastante utilizada e dotou um palco para as entradas e saídas singulares que atualmente são muito corriqueiras no teatro kabuki. Em 1758 foi usado pela primeira vez o palco rotativo.
Na época da cultura comercial do século XVIII, o kabuki se ampliou em um elo ao mesmo tempo de rivalidade e de colaboração com o teatro de fantoches bunraku. Chikamatsu Monzaemon (1653-1724) que é considerado um dos grandes dramaturgos do Japão, mesmo tendo se dedicado a escrever peças para os teatros de fantoches depois de 1703 chegou a escrever diversas peças propriamente para o kabuki. Foi aproximadamente nessa época, que o kabuki por um período curto de tempo perdeu sua popularidade para o bunraku nas cidades de Kyoto e Ozaka. Procurando concorrer, numerosas peças de fantoches passaram por adequações para o kabuki, e inclusive os atores começas a reproduzir os movimentos marcantes dos fantoches.
 Em 1868 houve a destituição do shogunato Tokugawa que causou a anulação da classe samurai e também de toda organização social que foi o alicerce para a cultura comercial, de que o kabuki fazia parte. Chegou-se a tentativas inúteis de incorporar conceitos e roupas ocidentais no kabuki, não obstante grandes atores como Ichikawa Danjuro IX (1838-1903) e Onoe Kigurogo V (1844-1903) reivindicaram pela volta ao conjunto antigo do kabuki. Foi no século XX, que os escritores japoneses como por exemplo Okamoto Kido (1925-1970) e Mishima Yukio (1925-1939), que não se encontravam ligados exatamente com a área do kabuki, escreveram peças teatrais que faziam parte do grupo shin kabuki (novo kabuki). As peças shin kabuki agregavam as formas clássicas com as novidades do teatro moderno e algumas delas foram englobada ao repertório tradicional do kabuki.
Graças a fidelidade às seus fundamentos tradicionais, tanto na interpretação das peças teatrais quanto na rigorosa escala das famílias participantes que determinavam o campo do kabuki, que atualmente ele é uma parte poderosa e integrante da indústria japonesa do lazer.
Há três tipos de peças importantes no kabuki: jidai-mono (peças ``históricas`` ou antecedentes ao período Sengoku), sewa-mono (``domésticas`` ou depois do período Sengoku) e shosagoto (peças de dança). O mie e a maquilhagem são atributos significativos do teatro kabuki.
Os mie são as poses exóticas que o ator mantém para representar seu personagem. O significado da palavra japonesa mie é ``expressão`` ou ``visivo``. É a hora na qual o ator pára congelado na pose. O objetivo do mie é expor o clímax das sensações do personagem. O ator abre os olhos o máximo que puder; se o personagem precisar parecer inquieto ou irritado o ator chega a ficar vesgo. A maquilhagem (em japonês Kenshô) é um componente desse estilo teatral muito fácil de se reconhecer, até por pessoas que não estão acostumadas com esta forma de manifestação artística. O pó-de-arroz é utilizado para fazer a base branca chamada oshiroi. O kumadori é usado para realçar ou exceder as linhas da face para elaborar as máscaras dramáticas utilizadas pelos atores, de expressões demoníacas ou animalescas.
Vários truques cenográficos como o ágil surgimento e sumiço dos atores em cena são constantemente usados. O vocábulo Keren, várias vezes traduzido como ``jogo para a galeria`` , é muitas vezes aplicado como vocábulo geral para esses mesmos truques. O hanamachi e várias novidades, abrangendo o palco rotativo, seri (``armadilhas`` de palco são elementos que elevam ou escondem os atores no palco) e o chunori (``cavalgando no ar`` que é o uso de cordas para faze o ator ``voar`` sobre o público) têm ajudado para o espetáculo do kabuki. O hanamachi proporciona fundo ao palco, ao mesmo tempo que os seri e chunori proporcionam um tamanho vertical à cena da peça.


Ator de kabuki no momento do mie (pose).




Exemplos de kumadori.




Abaixo um vídeo sobre kabuki:






















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